Que as plantas surgiram de algas, isso você já deve ter ouvido falar. As primeiras algas macroscópicas surgiram no período Cambriano e são encontradas no folhelho de Burgess. Lá foram encontradas algas verdes, como a Margaretia dorus, e algas vermelhas como a Dalyia racemata. A Margaretia era uma alga tubular, de até 40 cm de comprimento, que vivia presa no fundo do mar. Já Dalyia era uma alga rígida, pequena (até 4 cm) e ramificada, bem mais rara do que Margaretia. No período Cambriano ainda não existiam plantas terrestres, que viriam a surgir somente no Ordoviciano.
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Margaretia dorus, do folhelho de Burgess. A escala (barra preta) representa 1 metro. (Adaptado de Royal Ontario Museum) |
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Dalyia racemata, também do folhelho de Burgess (retirado de Royal Ontario Museum). |
No Ordoviciano, aproximadamente 450 milhões de anos atrás, é que surgiram as primeiras evidências de plantas terrestres: esporos de briófitas. A partir desse momento, a vida na Terra ganha novas possibilidades, com o ambiente terrestre sendo ocupado por estes agentes ecológicos tão importantes. As plantas terrestres constituem a base da pirâmide alimentar, e sem elas o ambiente terrestre não poderia ter sido colonizado por animais.
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Esporos de briófitas da região de Caradoc (Inglaterra), período Ordoviciano. (Adaptado de Wellman e Gray, 2000),
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Mas a grande diversidade de plantas começou a surgir com o aparecimento de tecidos vasculares que pudessem levar a seiva por grandes distâncias. As primeiras plantas vasculares pertencem ao gênero
Cooksonia, com os registros mais antigos aparecendo no Siluriano, aproximadamente há 425 milhões de anos. O nome
Cooksonia é uma homenagem a Isabel Cookson, uma importante paleobotânica australiana.
Cooksonia são plantas pequenas, de cerca de 4 cm de altura, cujos caules se bifurcavam algumas vezes e terminavam em cápsulas com esporos. O formato da cápsula serve de critério para descrição de espécies, das quais 5 foram descobertas. A descoberta mais recente aconteceu no Brasil, na bacia do Paraná, e se chama
C. paranensis.
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Cooksonia paranensis de 406 milhões de anos encontrada em Jaguariaíva/PR. Fóssil formado por carbonificação. Retirado de Gerrienne et al., 2006. |
Nos 40 milhões de anos que se seguiram, uma mudança aconteceu. Até então, as plantas (vasculares ou não) não possuíam folhas. A fotossíntese era realizada por outros órgãos verdes, como o caule, ou por pequenas folhinhas chamadas microfilos. Até que surgiu no Devoniano a
Eophyllophyton bellum, a primeira planta com folhas grandes. Apesar de
E. bellum ter surgido no início do Devoniano (aprox. 400 milhões de anos atrás), a diversificação de folhas grandes está ligado à queda de CO
2 na atmosfera que ocorreu na passagem do Devoniano para o Carbonífero, o que exigiria mais estômatos nas plantas para manter a fotossíntese. A madeira e plantas de porte arbóreo também surgiram no Devoniano. Representantes importantes são a
Wattieza, a primeira árvore (pteridófita), e
Archaeopteris (não confundir com
Archaeopteryx), uma ancestral das gimnospermas.
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Folha de Eophyllophyton bellum, fossilizada por carbonificação em Yunnan (China). Retirado de Xue et al., 2015. |
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Tronco de Archaeopteris fossilizado no campus da Universidade Estadual de Ohio. |
Apesar de existirem várias gimnospermas no período Carbonífero, foi na era Mesozoica que as plantas com sementes realmente tomaram o mundo. No período Triássico, as florestas de coníferas ao norte e de
Glossopteris e
Dicroidium ao sul formavam paisagens características. Até que no período Cretáceo surgiram as angiospermas. O primeiro fóssil inconteste de uma planta com flores é o
Archaefructus, uma planta herbácea aquática com flores andróginas que viveu há 125 milhões de anos na China.
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Reconstrução de Archaefructus (retirada de Sun et al., 2002.) |
A partir de então, as plantas com flores e frutos passaram a dominar o mundo. Hoje, a maior parte das plantas é angiosperma. E todo esse verde que você vê quando olha pela janela chegou onde está depois de uma longa jornada de mais de 450 milhões de anos.
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